Em 2019, a Ford anunciou o fechamento de uma de suas unidades no Brasil, em São Bernardo dos Campos. A fábrica estava em atividade por 52 anos. Podemos dizer que esse foi o primeiro indicativo para o comunicado da última segunda-feira (11/01), onde a empresa anunciou o encerramento da produção de automóveis no país.
Como motivos listados para o fechamento de mais três unidades, em Horizonte (CE), Taubaté (SP) e Camaçari (BA), a Ford citou os desafios enfrentados pela pandemia do Covid-19, o desaquecimento do mercado automobilístico e o “custo Brasil”.
Estima-se que serão cerca de 5 mil empregos perdidos, um duro golpe para uma economia que já não anda bem das pernas. No entanto, é preciso considerar alguns fatores importantes que levaram a gigante do mercado a deixar de produzir seus carros no Brasil, mesmo recebendo incentivos fiscais.
Também é importante entender um pouco mais sobre o “custo Brasil” e como isso afeta não só empresas de grande porte, mas também os desafios enfrentados pelos empreendedores no país.
O que é o “custo Brasil”?
Embora não seja um termo oficial, ele tornou-se a expressão mais comum para designar algumas dificuldades de empreender no Brasil. Ele é resultado de uma combinação de fatores, como o excesso da burocracia e um sistema tributário caótico, muitas vezes com valores abusivos.
O termo também serve para englobar todos os fatores que envolvem o preço final para oferecer um produto ou serviço no país. Dessa forma, mesmo sendo bem amplo, já dá para entender como é difícil para pequenos empreendedores começarem suas atividades.
Quais outros fatores que influenciaram a decisão da empresa?
A primeira fábrica da Ford no Brasil foi inaugurada em 1919, em São Paulo. Com todo esse tempo de história, é preciso entender que a decisão tomada pela empresa teve um peso. E nem tudo é culpa exclusivamente da situação que o país enfrenta.
Segundo especialistas, a marca cometeu erros de gestão e perdeu espaço para a chegada de novos concorrentes. Ela perdeu espaço principalmente para os modelos asiáticos, que atraíram o público por seus preços mais acessíveis.
Também é preciso se lembrar que a Ford enfrenta uma crise desde 2013, que afetou fortemente o mercado Norte-Americano. Isso que acabou refletindo nas operações da empresa também na América Latina.
A Volkswagen e a Mercedes-Benz também enfrentaram problemas, fechando fábricas e criando programas de demissão voluntária. Mas no fim a Ford foi a grande afetada pela crise acentuada pela pandemia, com uma queda de 39,2% em suas vendas.
Essa queda acabou afetando a linha de produção, deixando pátios ociosos. E quando somados todos os fatores citados em nossa análise, fica mais fácil compreender a necessidade da empresa de se reorganizar internamente.
Isso não foi exclusividade da Ford. Nos dois últimos anos vimos a fusão de grandes empresas do setor automobilístico, como a da Fiat Chrysler com a PSA, que passa a assumir o nome de Stellantis.
Com isso, concluímos que a decisão da Ford não levou em consideração apenas a situação do país, mas serve para avaliarmos e buscarmos soluções para manter empresas de grande porte e os postos de trabalho que elas geram, principalmente em tempos de crise.
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